Hollywood é o lugar para onde se dirigem jovens sonhadores que têm como perspectiva alcançar a fama e o sucesso no Cinema, seja atuando, escrevendo roteiros ou dirigindo filmes. Mas se o sonho do personagem Jack Castello (David Corenswet) era fazer um grande papel, ser reconhecido profissionalmente e ganhar o suficiente para viver bem com sua esposa, o sonho de outros personagens era fazer História, e romper a barreira do preconceito racial e de gênero, abrindo o caminho para o protagonismo de minorias sociais. Entre esses desbravadores, Archie Coleman (Jeremy Pope), roteirista de filmes, é negro e homossexual; a atriz Camille Washington (Laura Harrier) é negra; Anna May Wong (Michelle Krusiec) é uma atriz asiática, sempre sujeita a representar caricaturas da mulher asiática. O conflito se estabelece quando o projeto de um filme inovador é confrontado com os preconceitos de uma sociedade racista e homofóbica e os interesses corporativos da indústria do Cinema, que, para garantir o lucro, procura emular na telona as características dessa sociedade.
É bom que se diga que, para os mais conservadores, a minissérie pode ferir suscetibilidades, uma vez que toca em temas como prostituição e homossexualidade, não prescindindo de cenas ousadas de erotismo e sexo. No entanto, se essas "ousadias" e o moralismo do espectador não o fizer desistir da série, é bem provável que, no episódio final, se deixe tocar pela mensagem de amor e esperança presente em Hollywood.
A narrativa da minissérie é ficcional, mas boa parte dos personagens foram inspirados em pessoas reais, como o ator Rock Hudson, um galã do cinema que teve que esconder sua condição homossexual ao longo da vida, e o "agente de talentos" Henry Wilson, também homossexual, que exercia seu poder para abusar de atores incipientes. Já Camille Washington é baseada em Dorothy Dandrige, primeira negra a ser indicada ao Oscar; e Queen Latifah interpreta Hattie McDaniel, primeira negra a ganhar um Oscar, na categoria de atriz coadjuvante por sua atuação em ...E o vento levou. A propósito, Vivien Leigh, protagonista do filme de 1939, é interpretada por Kate McGuiness. Há ainda outras referências importantes, que o espectador informado logo reconhece.
Hollywood é certamente uma série arrebatadora, com um bom enredo e uma excelente trilha sonora, que nos remete a uma atmosfera de glamour e sofisticação. É uma produção com restrição de idade (para maiores de 16 anos), um conto de fadas destinado a adultos, para que, tal quando eram crianças, possam voltar a sonhar, a chorar e a sorrir. Foi o que a minissérie fez comigo.

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