Um longo reinado, mas um filme curto


Frustração. É o sentimento que tive depois de ter assistido ao filme A jovem rainha Vitória, do diretor Jean-Marc Vallée, lançado em 2009. Não nego que minha frustração se deve, em grande medida, ao fato de ter assistido parte da série Vitória - A história de uma rainha, cuja 4ª temporada estou aguardando ser exibida pela Globoplay. Ainda que guarde as devidas proporções entre uma série e um filme, penso que este não foi bem sucedido em envolver o expectador na biografia de uma das monarcas mais importantes da história do Reino Unido. Faltou-lhe emoção, especialmente porque não chegamos a conhecer bem os personagens, que não são devidamente desenvolvidos, assim como não o são muitas das passagens significativas da vida da rainha Vitória. 

Como todo filme baseado em fatos reais, essa produção biográfica é um recorte de eventos importantes da vida da rainha inglesa. Em linhas gerais, fala dos problemas relacionados à sucessão real, das intrigas palacianas, do controle excessivo exercido sobre a princesa, da sua ascensão ao trono, da grande proximidade que teve com Melbourne, seu primeiro-ministro, e de seu casamento com o príncipe Albert. Mas tudo ocorre em uma velocidade que não permite qualquer desenvolvimento, motivo pelo qual o filme informa, mas não emociona.

Dessa forma, por exemplo, a importância do lorde Melbourne para a rainha Vitória é afirmada, porém a narrativa nada esclarece sobre isso. Que atitudes do primeiro-ministro motivariam o favorecimento da rainha? Como explicar o encantamento que tinha por ele? É dito que Melbourne era um sedutor, no entanto em nenhum momento ele demonstra esse poder de sedução. Antes, é retratado de modo pouco simpático, o que demarca uma importante diferença entre o Melbourne do filme e o da série, que, este, sim, é bastante sedutor. 

O amor repentino entre a rainha e o príncipe Albert também não convence. Não acompanhamos seu desabrochar e desenvolvimento. Tampouco é possível perceber a importância que esse casamento teve para a história da Inglaterra, que, por sinal, constitui-se apenas como um pano de fundo onde transcorre a narrativa. A modernização do país é apenas referida em notas escritas no final da película, quando também é mencionada a morte de Albert, aos 42 anos, vítima de febre tifóide, e da própria rainha Vitória, aos 81 anos. Confesso que esperava bem mais do filme, fascinado que sou pela monarquia inglesa e pela era vitoriana. Penso que um dos motivos para minha frustração seja o fato de o filme ser demasiado curto, o que impossibilitou seu desenvolvimento. Como reduzir para menos de 2 horas uma produção que, a meu ver, deveria ter 4 horas?



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