Mel Brooks faz História no Cinema


Filme dirigido e estrelado por Mel Brooks, A história do mundo - parte I consiste em uma comédia que parodia alguns eventos importantes da história contada do mundo: a Pré-História, o Antigo Testamento (na verdade, o Pentateuco), o Império Romano, a Inquisição Espanhola e a Revolução Francesa. A narração desses episódios é feita pelo ator, diretor e produtor Orson Wells, que confere certo ar de seriedade à narrativa, evidentemente quebrada com o desenrolar dos acontecimentos. O enredo no sense do filme, lançado em 1981, remete-nos imediatamente a  A vida de Brian, do grupo de comédia britânico Monty Python, o que sem dúvida aponta para a qualidade da comédia de Mel Brooks, que pude assistir neste 06 de setembro. 

Nessa produção do cinema, Mel Brooks vive vários papéis diferentes, sempre protagonizando as cenas mais hilárias do filme. Nessa história do mundo, ele já inicia fazendo sua homenagem a 2001 - uma odisseia no espaço, de Stanley Kubrick, ao representar, em tom épico, com fundo musical de Also Sprach Zarathustra, de Richard Strauss, o momento em que os primatas põem-se de pé e viram homens, para logo em seguida se masturbarem. Em seguida, acompanhamos o momento em que descobrem o fogo, inventam a Arte (com as pinturas rupestres), e surge, surpreendentemente, o crítico de Arte. Logo nos vemos diante de Moisés, recebendo no Monte Sinai as tábuas dos 15 mandamentos. E a narrativa já pula para o Império Romano, momento em que o poder representado por César é ridicularizado. Mel Brooks nos presenteia, então, com um show de horrores, na forma, porém, de um interessante musical digno das produções da Broadway, estrelado nada menos por Tomás de Torquemada. De lá, somos levados para os eventos de sublevação popular que deram origem à Revolução Francesa. Tudo narrado com um humor significantemente reflexivo.

 A história do mundo - parte I foi produzido em forma de esquetes, que nos lembram alguns conhecidos programas de humor, com direito à comédia  stand up, a um número musical, e à referência metalinguística ao cenário marcadamente de baixo orçamento. Além disso, há o no sense, na representação, por exemplo, da pré-história em que homens e dinossauros conviviam, ou de Leonardo Da Vinci na Santa Ceia, pintando seu famoso quadro na presença do próprio Cristo e os apóstolos, inclusive orientando-os como deveriam se postar à mesa. Enfim, é um filme interessante que, se não nos leva às gargalhadas, ao menos nos faz perceber aquele humor sutil que nos leva à reflexão sobre temas normalmente tomados muito a sério. 


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