... E o vento levou: um clássico com C maiúsculo


Há filmes que já nascem com a marca dos clássicos. É o caso de  ...E o vento levou, lançado em 1939, que, considerando-se a atualização monetária, até hoje mantém o recorde de bilheteira de toda a História do Cinema. Dirigido por Victor Fleming (diretor também de O mágico de Oz, lançado no mesmo ano), George Cukor e Sam Wood, ... E o vento levou teve o mérito de ter 13 indicações ao Oscar, vencendo em 8 categorias. Com quase 4 horas de duração, trata-se de um verdadeiro épico do romance e do drama, importante tanto em relação aos aspectos técnicos quanto ao roteiro, baseado no livro homônimo de Margaret Mitchell. Não é a primeira vez que afirmo aqui, mas preciso ressaltar: essas obras antigas do Cinema têm me surpreendido bastante. No caso do título em questão, minha expectativa era assistir a uma história romântica, açucarada, dessas com finais felizes. Felizmente eu me enganei quanto a isso e muitas outras coisas.

O filme é ambientado no Sul dos Estados Unidos, durante a guerra civil do século XIX, quando estava em curso no país a abolição do trabalho escravo. Diferente do Norte industrializado, o Sul americano era predominantemente rural, e fazia amplo uso de escravos nas fazendas e nos campos. É ancorado nesse contexto histórico que se desenvolverá a história de Scarlett O'hara (Vivien Leigh), filha de um rico latifundiário, que logo se revela uma personagem feminina nem um pouco convencional. Inicialmente, Scarlett é uma moça egoísta, mimada, que se vale de sua beleza para conquistar aquilo que deseja. No entanto, é apaixonada por Ashley (Leslie Howard), marido de sua prima Melanie (Olívia de Havilland), a qual lhe devota grande estima. Nesse ponto, a narrativa tinha tudo para seguir o clichê do triângulo amoroso, mas a deflagração da guerra acaba levando à destruição do mundo que esses personagens conheciam, repercutindo na sua própria evolução. A evolução mais significativa é justamente a de Scarlett, que se transforma em uma mulher forte e com grande instinto de sobrevivência. Outro importante ponto de inflexão na história é a relação entre Scarlett e Rhett Butler (Clarck Gable), um personagem igualmente complexo, com o qual terá muitos encontros e desencontros ao longo de todo o filme. 

... E o vento levou tem uma trilha sonora maravilhosa, inspirada. Quem não conhece, por exemplo, o Tema de Tara, o mais associado ao clássico de 1939? Comovente! Os diálogos entre Scarlet e Butler são muito ricos e significativos. E como ficar impassível diante da cena épica em que Scarlett segura um rabanete e diz "Nunca mais terei fome novamente"? Também não posso deixar de mencionar a fotografia do filme: perfeita! É uma obra para ver e chorar de emoção. Sim, derramei algumas lágrimas hoje.

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