Assisti, enfim, ao propalado filme Bacurau, dos diretores Kléber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, lançado no ano passado, já abocanhando o prêmio do júri no Festival de Cannes. Posso dizer de saída que gostei do filme, apesar de não ter despertado meu interesse de imediato. Bacurau inicia mostrando o cotidiano de uma pequena comunidade esquecida no sertão de Pernambuco, onde a água é escassa e a morte é abundante. A narrativa, a meu ver, passa a ganhar interesse no momento em que começam a acontecer assassinatos misteriosos de pessoas da comunidade. Sem entregar o essencial do enredo, é possível assinalar o modo como um pedaço do Brasil é retratado a partir da ideia da sua invisibilidade aos olhos dos poderosos; da sua desumanização, que se traduz na sua condição de "matável"; e a sua resiliência e resistência contra as investidas daqueles que, ao desumanizá-los, acabaram desumanizados, processo que me remete imediatamente a Paulo Freire e sua Pedagogia do Oprimido. Vale a pena ver o filme. Para quem ainda não assistiu à obra, esta quarentena é uma excelente oportunidade para apreciá-la.

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