Doutor Jivago: a interdição da vida em nome do bem


"O homem nasce para viver, e não para se preparar para viver". Foi com essa frase, extraída de algum site de citações célebres, que tive contato pela primeira vez com o nome do poeta e romancista Boris Pasternak. Depois disso, cheguei a vê-lo figurar eventualmente na estante de alguma livraria. De forma muito semelhante, meu mais recente contato com o escritor aconteceu por acaso e na noite desta sexta-feira, 10 de abril. Seguindo a uma recomendação do serviço de streaming TelecinePlay, resolvi assistir ao filme Doutor Jivago, uma adaptação da novela homônima de Pasternak. O filme, lançado em 1965 e dirigido por David Lean, foi um grande achado para mim. Ambientado na Rússia do início do século XX, a narrativa é focada nos encontros e desencontros dos afetos em um contexto de guerra. Jivago é médico e poeta, uma alma sensível, que desde cedo teve que conviver com a tristeza e a solidão. Recém formado, reencontra Tonya, com quem se casa; e Lara, com quem terá um caso amoroso. Dividido entre dois amores,  Jivago vê sua vida subtraída, na impossibilidade de viver como um indivíduo particular, com direito a uma existência privada. Separado primeiro de Tonya, com quem tem um filho, e depois de Lara, com quem, embora não suspeitasse, teria uma filha, o doutor Jivago é obrigado a servir a um regime com o qual não se identifica. O regime em questão é o Bolchevismo, vitorioso em 1917, que, em nome dos ideais revolucionários, impõe na Rússia a coletivização da vida e da propriedade. É um filme de importância histórica, e que permite muitas leituras. Além do enredo, chamou-me bastante a atenção a beleza da atriz Julie Christie, e da trilha sonora, composta por Maurice Jarre, e que, por si só, já vale a recepção do filme. Para quem gosta de emoção como eu, Doutor Jivago cumpre com louvor essa função.

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