A adorável bruxinha de Hayao Miyazaki


Nunca cheguei a me interessar muito por animes, nem fui leitor de mangás. Enquanto meus irmãos curtiam Pokemón, Digimon ou Dragon Ball Z na TV aberta, eu achava esses desenhos japoneses horríveis, exagerados e sem movimento ou expressões naturais. Mas isso tem mudado desde que conheci os filmes do Studio Ghibli, especialmente o trabalho de Hayao Miyazaki. Dele eu já conhecia Ponyo, ao qual assisti com muito interesse, e Meu amigo Totoro, ao qual não dei a devida atenção, o que espero fazer em breve ao revê-lo. Não sabia, no entanto, que essas obras eram do famoso Miyazaki, até então um completo desconhecido para mim. Depois de assistir ao seu Castelo Animado, fiquei entusiasmado e vi também A viagem de Chihiro e, agora, O serviço de entregas da Kiki, filme sobre o qual faço os comentários a seguir:  

Kiki é uma jovem bruxinha, muito amada e amável, que sai de casa aos 13 anos para morar sozinha em outra cidade, seguindo assim a tradição das bruxas. Ela, em companhia de seu gato preto, voa até uma cidade litorânea, onde decide que irá se estabelecer. Sua presença no lugar, a princípio, desperta admiração e simpatia, que logo se converte em completa indiferença. Kiki acaba sendo acolhida por uma senhora, dona de uma padaria, que lhe concede comida e moradia. Cada demonstração como essa, de amor ao próximo, bondade e ajuda desinteressada, deixa Kiki muito feliz, ao passo que a aproximação por interesse, o egoísmo e a ingratidão - sentimentos com os quais Kiki também se depara - faz com que a protagonista se entristeça, desenergize-se, e perca sua magia. A trama avança no sentido de levar Kiki a entender a maldade e a indiferença humana, ao mesmo tempo em que compreende que é preciso continuar otimista, acreditando na humanidade. 

O serviço de entregas da Kiki é um filme delicado, que passa uma mensagem linda e inspiradora, que revela muito da alma de Miyazaki, e da necessidade de todos nós, espectadores de sua obra, acolhermos em nosso coração a generosidade e a pureza dessa linda bruxinha. Eu quero acolhê-la, da mesma forma como procurei acolher a raposa do famoso livro de Exupéry, autor que fez a cabeça do  Hayao Miyazaki.

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