2001 - Uma surpreendente odisseia humana


A obra Odisseia, de Homero, enquadra-se no gênero literário epopeia, isto é, uma narrativa longa e grandiloquente, normalmente apresentada em versos,  cuja matéria são os grandes feitos humanos, levados a termo com a ajuda dos deuses. A epopeia, nesse sentido, é uma espécie de panegírico de um povo em particular. Os épicos de Homero - entre os quais se inclui a Ilíada -, por exemplo,  enaltecem os feitos do povo grego; a Eneida. à imponência dos romanos; e os Lusíadas, a glória do império português. Mas não é o que acontece com 2001 - uma odisseia no espaço, escrito por Stanley Kubrick em parceria com Arthur C. Clarke, lançado em 1968. Em 2001, o que temos é a revelação poética da grande aventura do ser humano, sem referência alguma a qualquer realidade transcendente. A peça cinematográfica, recebida sem entusiasmo na época de seu lançamento, tornou-se um filme premiadíssimo e um dos maiores clássicos do cinema. Pude vê-la nesta segunda, 13 de abril, e achei-a belíssima. O início do filme me remeteu imediatamente a outro, de 1981, ao qual assisti há alguns anos: Guerra do fogo, do cineasta francês Jean-Jacques Annaud. Isso porque nos deparamos logo com grupos de primatas disputando o espaço e lutando pela sobrevivência, dando importantes passos em direção à sua humanização. No filme de Annaud, isso é representado pela descoberta do fogo; no de Kubrick, pela descoberta de artefatos para defesa. Na disputa pelo espaço, o uso de tais artefatos  como armas representou uma grande vantagem em relação aos grupos rivais. E é justamente em meio a essa descoberta que o espectador é arrebatado pelo solene poema sinfônico Also Sprach Zarathustra, de Richard Strauss. Há na sequência um corte temporal de milhões de anos e somos levado à era das viagens espaciais, e à valsa Danúbio Azul, de Johann Strauss II, trilha que "embala" a "dança" dos astros celestes. Trabalhando com temas profundos como a existência, a evolução humana, a inteligência artificial e a possibilidade de vida extraterrestre, 2001 é um filme à frente do seu tempo, com efeitos especiais surpreendentes para a época e com um roteiro interessante. É pura poesia. 

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